Ser eletricista independente é o sonho de muitos profissionais que desejam liberdade, autonomia e melhores ganhos. No entanto, a realidade mostra que uma grande parcela desses profissionais ainda fatura menos de R$2.000 por mês. Mas por que isso acontece? E mais importante: o que pode ser feito para reverter essa situação?
Neste post, vamos explorar os principais motivos desse cenário preocupante e apresentar estratégias práticas para que você, eletricista, consiga transformar sua carreira e seu faturamento.
A Falsa Sensação de Liberdade Financeira do Eletricista Independente
No início da jornada como eletricista independente, é comum que muitos profissionais tenham grandes expectativas de liberdade financeira. Afinal, a ideia de ser o próprio chefe, fazer seus próprios horários e cobrar seus próprios preços soa muito promissora. No entanto, a realidade costuma ser diferente.
Grande parte desses eletricistas acaba se concentrando apenas em serviços pequenos e pontuais, como troca de tomadas, consertos simples ou instalações básicas. Esses trabalhos, embora frequentes, têm um valor relativamente baixo por atendimento — o chamado ticket médio. Na maioria dos casos, esse valor gira em torno de R$130 por serviço.
Considerando que esses profissionais realizam, em média, entre 15 a 20 atendimentos por mês, o faturamento total mensal costuma ficar próximo de R$1.950. Embora esse número possa parecer razoável à primeira vista, ele é insuficiente para cobrir todos os custos da atividade — como ferramentas, transporte, impostos, materiais — e ainda garantir um salário digno ao profissional.
Portanto, fica claro que ser eletricista independente, por si só, não garante sucesso financeiro imediato. Portanto, para transformar essa independência em resultados concretos, é necessário planejamento, estratégia e, acima de tudo, visão empresarial.
Onde o Eletricista Independente Está Errando?
Um dos erros mais comuns entre eletricistas que decidem atuar de forma independente é acreditar que apenas a habilidade técnica é suficiente para garantir sucesso financeiro. Embora dominar a execução de serviços elétricos seja fundamental, empreender exige muito mais do que isso. É preciso desenvolver competências em áreas como gestão financeira, vendas e, principalmente, precificação. Muitos profissionais realizam serviços com excelência, mas não sabem ao certo quanto ganham, pois não controlam o quanto entra e sai do caixa. Além disso, ignoram custos fixos essenciais, como ferramentas, combustível, telefone, impostos e taxas do MEI, o que afeta diretamente o lucro real do negócio.
Outro problema recorrente, além da falta de precificação adequada, é a mistura das finanças pessoais com as da empresa. Frequentemente, muitos eletricistas utilizam uma única conta bancária para pagar tanto as despesas da casa quanto os custos operacionais do trabalho. Como resultado, isso impede qualquer controle eficiente sobre os verdadeiros resultados da empresa.
Consequentemente, essa confusão financeira dificulta a identificação de lucros, atrapalha o planejamento de crescimento e pode levar o profissional a ter a falsa impressão de que está obtendo retorno, quando, na realidade, está apenas movimentando dinheiro sem gerar lucro real. Para ser um eletricista independente de verdade, é indispensável organizar as finanças e enxergar o negócio como uma empresa, mesmo que de pequeno porte.
Como melhorar os resultados?
Para mudar essa realidade, o eletricista independente precisa desenvolver e fortalecer três pilares fundamentais. Esses pilares são o alicerce de um negócio lucrativo e sustentável. Veja a seguir:
1. Qualificação técnica decisiva
Ser um bom técnico é apenas o ponto de partida. Não basta saber instalar uma tomada ou montar um quadro elétrico com perfeição — isso é o mínimo esperado. O que diferencia um profissional de alto desempenho é estar constantemente atualizado com novas tecnologias, normas técnicas (como a NBR 5410), automação residencial, inversores de frequência, entre outros. Além disso, a qualificação técnica decisiva também envolve saber explicar o serviço com clareza para o cliente, demonstrando confiança e autoridade.
Exemplo prático:
Um eletricista que sabe instalar um sistema de automação para iluminação e climatização em residências está à frente dos que só fazem instalações convencionais. Isso amplia o seu leque de serviços e aumenta o valor percebido pelo cliente.
2. Orçamento incontestável
No entanto, precificar corretamente não é simplesmente “chutar” um valor ou basear-se apenas em quanto o concorrente cobra. Para isso, é preciso montar um orçamento estruturado com base nos seus custos fixos (como ferramentas, transporte e impostos), além do salário que você deseja receber e da margem de lucro necessária para que o negócio cresça de forma saudável.
Um bom orçamento é aquele que:
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Apresenta todos os itens de forma clara;
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Justifica os valores cobrados (como qualidade dos materiais ou tempo de execução);
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Cria confiança no cliente.
Exemplo prático:
Ao invés de dizer apenas “o serviço custa R$ 1.500”, mostre:
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Mão de obra: R$ 800
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Materiais (cabos, disjuntores etc.): R$ 500
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Deslocamento e visita técnica: R$ 200
Isso transmite profissionalismo e reduz as chances do cliente pedir desconto.
3. Máquina de atração de clientes
Não dá para depender apenas de indicações ou esperar que o cliente “lembre de você”. É essencial ter um sistema constante de prospecção. Isso pode incluir:
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Estar presente e ativo nas redes sociais (como Instagram e Facebook);
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Criar um perfil no Google Meu Negócio;
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Distribuir cartões ou folders em parcerias com lojas de materiais elétricos e arquitetos;
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Criar uma rede de relacionamento com outros profissionais da construção civil.
Exemplo prático:
Um eletricista que posta regularmente no Instagram mostrando os bastidores dos serviços, antes e depois, dicas de segurança elétrica e feedbacks de clientes, passa mais confiança e atrai novos clientes com mais facilidade.
E mais: organização financeira é indispensável
Além desses três pilares, é essencial ter controle financeiro real do seu negócio. Isso começa com ações simples, como:
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Separar contas bancárias pessoais e empresariais;
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Abrir uma conta PJ gratuita (existem várias opções digitais como Nubank PJ, C6 Bank, Inter Empresas, entre outras);
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Registrar entradas e saídas corretamente, seja em uma planilha, aplicativo ou sistema de gestão.
Exemplo prático:
Portanto, ao separar as contas, você passa a ter clareza sobre quanto sua empresa realmente fatura, além de entender quais são seus custos fixos e variáveis. Com isso, é possível saber exatamente quanto pode ser retirado como salário — evitando, assim, confusão e falta de dinheiro no fim do mês.
Uma Estratégia Simples que Pode Transformar o Eletricista Independente
Agora imagine a seguinte situação: ao invés de pedir para o cliente ir até uma loja de materiais elétricos comprar cabos, você já carrega no porta-malas do seu carro rolos de cabos de diferentes bitolas, como 2,5mm, 4mm e 6mm. Dessa forma, no momento do serviço, você já tem o material necessário em mãos. Consequentemente, você consegue resolver o problema do cliente com mais rapidez, praticidade e conveniência. Além disso, isso transmite mais profissionalismo e pode gerar uma renda extra com a venda estratégica desses materiais.
Além disso, facilitar a vida do cliente — que muitas vezes não sabe qual material comprar, pode errar nas quantidades ou perder tempo com deslocamento — traz benefícios significativos para ambos os lados. Consequentemente, você também agrega valor ao seu serviço. Com isso, o cliente passa a enxergar você como um profissional mais completo, organizado e confiável.
Mas o benefício não para por aí: você também lucra com a venda desse material.
Veja um exemplo prático:
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Suponha que você compre um rolo de cabo de 100 metros por R$ 200.
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Isso dá R$ 2,00 por metro.
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Se você revende esse cabo ao cliente por R$ 2,40 o metro (uma margem de 20%), ao vender 20 metros você fatura R$ 48.
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Seu custo foi R$ 40, então você teve um lucro de R$ 8 apenas nesse serviço.
Agora imagine repetir isso em 4 ou 5 atendimentos na semana. Ao final do mês, essa simples estratégia pode representar centenas de reais a mais no seu caixa — sem precisar conquistar novos clientes, apenas atendendo melhor os que já tem.
Essa prática, além de gerar lucro, diferencia você como eletricista independente, elevando seu nível profissional e aumentando a percepção de valor dos seus serviços. É uma atitude simples, prática e extremamente eficaz para quem quer crescer no mercado.
O pensamento de longo prazo faz diferença
O eletricista independente que deseja crescer precisa pensar como empresário. Isso significa administrar seu tempo, calcular o valor da sua hora de trabalho, montar orçamentos estratégicos e buscar parcerias, por exemplo, com arquitetos e engenheiros.
Mais do que apenas executar serviços, é necessário, portanto, planejar de forma estratégica e, além disso, construir um posicionamento forte no mercado, entregando valor e confiança aos clientes.
Conclusão: sair do padrão é o caminho
Se você quer deixar de ser mais um na estatística dos que ganham menos de R$2.000 por mês, então precisa começar a agir de forma diferente. Por isso, é fundamental sair da zona de conforto. Além disso, é preciso enfrentar o medo da mudança e, como consequência, aplicar estratégias que realmente funcionam.
Ser um eletricista independente exige mais do que conhecimento técnico — exige mentalidade empreendedora. Portanto, comece hoje mesmo a revisar seus processos, ajustar sua precificação, separar suas finanças e desenvolver novas habilidades.
Se você fizer isso, não apenas verá seu faturamento crescer, como também conquistará o respeito e a valorização que merece.
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