Você já se perguntou como um motor monofásico bivolt opera tanto em 127 V quanto em 220 V, mantendo o mesmo desempenho e sem risco de queima? Esse resultado ocorre porque as bobinas internas se conectam de forma específica, o que faz a tensão elétrica se distribuir corretamente dentro do motor.
Compreender essa lógica é essencial para qualquer eletricista que deseja evoluir profissionalmente. Afinal, dominar o conceito de associação de resistências e entender leis elétricas fundamentais, como a de Kirchhoff, permite interpretar com precisão o comportamento dos circuitos e aplicar soluções seguras no dia a dia.
Entenda as Leis que explicam o funcionamento dos motores
Para compreender como o motor monofásico bivolt consegue operar tanto em 127 V quanto em 220 V, sem sofrer danos, é indispensável primeiro revisar dois princípios fundamentais da eletricidade: a Lei de Ohm e as Leis de Kirchhoff. Afinal, essas leis são a base que explica de que forma a tensão e a corrente se comportam dentro das bobinas do motor, garantindo, assim, seu funcionamento seguro e eficiente.
🔹 Lei de Ohm
A Lei de Ohm estabelece uma relação direta entre três grandezas elétricas: tensão (V), corrente (I) e resistência (R).
Sua fórmula é:
V = I × R
Em outras palavras, a tensão é o resultado da corrente multiplicada pela resistência.
Essa relação mostra que, quando a resistência de um circuito aumenta, a corrente diminui — desde que a tensão permaneça constante.
No contexto do motor monofásico bivolt, esse conceito é essencial para entender como a energia elétrica é distribuída entre as bobinas, evitando sobrecargas quando o motor é ligado em diferentes tensões.
🔹 Leis de Kirchhoff
As Leis de Kirchhoff complementam a Lei de Ohm e ajudam a compreender como a corrente e a tensão se distribuem dentro de um circuito elétrico. Existem duas leis principais:
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Lei das Correntes (1ª Lei de Kirchhoff):
Afirma que a soma das correntes que entram em um nó (ou ponto de conexão) é igual à soma das correntes que saem.
Em outras palavras, nada “se perde” — toda corrente que chega a um ponto precisa sair dele. -
Lei das Tensões (2ª Lei de Kirchhoff):
Determina que a soma algébrica das tensões em um circuito fechado é igual a zero.
Isso significa que, em ligações em série, a tensão total é dividida proporcionalmente entre os componentes, de acordo com a resistência de cada um.
Essas duas leis explicam, de forma prática, por que as bobinas do motor monofásico bivolt recebem sempre uma tensão equivalente, mesmo quando a alimentação muda de 127 V para 220 V.
Em 220 V, as bobinas são ligadas em série, dividindo a tensão igualmente (aproximadamente 110 V para cada uma). Já em 127 V, elas são conectadas em paralelo, recebendo a mesma tensão em ambas as bobinas.
Em resumo:
As Leis de Ohm e Kirchhoff revelam que o funcionamento seguro e eficiente do motor monofásico bivolt depende da maneira como o eletricista associa as bobinas e distribui a tensão entre elas
Como funciona o motor monofásico bivolt
Antes de mais nada, é importante entender que o motor monofásico bivolt foi projetado para operar com segurança em duas tensões diferentes — 127 V e 220 V — sem comprometer o desempenho nem danificar suas bobinas. Essa versatilidade existe porque o fabricante associa suas bobinas internas de forma específica no circuito elétrico.
Estrutura básica do motor monofásico
O motor é composto, essencialmente, por duas bobinas principais, cada uma com uma função específica no processo de funcionamento:
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Bobina de trabalho (ou principal): responsável por manter o motor em funcionamento contínuo, garantindo torque e rotação estáveis.
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Bobina auxiliar (ou de partida): utilizada apenas no momento da partida, ajudando o rotor a vencer a inércia inicial.
Essas duas bobinas podem ser conectadas de formas diferentes, dependendo da tensão de alimentação disponível.
Ligação em 127 V: bobinas em paralelo
Quando o motor é ligado em 127 V, as bobinas são conectadas em paralelo. Nessa configuração, a tensão aplicada na rede é a mesma em cada bobina, o que significa que ambas recebem 127 V.
Isso acontece porque, em um circuito paralelo, conforme a Lei das Tensões de Kirchhoff, a diferença de potencial (tensão) é igual em todos os ramos do circuito. Assim, cada bobina opera dentro da sua faixa nominal de tensão, garantindo eficiência, segurança e menor aquecimento.
Ligação em 220 V: bobinas em série
Por outro lado, quando o mesmo motor é conectado a uma rede de 220 V, as bobinas passam a ser associadas em série. Nesse tipo de ligação, a tensão total da rede se divide entre as duas bobinas, proporcionalmente à resistência elétrica de cada uma.
Como as bobinas possuem a mesma impedância, a tensão se divide igualmente — ou seja, cada bobina recebe cerca de 110 V. Essa divisão mantém o equilíbrio do circuito e evita que alguma bobina trabalhe sobrecarregada.
Por que o motor monofásico é bivolt
Esse comportamento é o que torna o motor bivolt.
Mesmo recebendo 220 V da rede, nenhuma das bobinas é submetida a uma tensão superior ao seu limite, o que evita sobreaquecimento e aumenta a vida útil do equipamento.
Portanto, a grande vantagem desse tipo de motor está em sua configuração inteligente: a tensão é redistribuída internamente, permitindo que o motor funcione corretamente tanto em redes de 127 V quanto em 220 V, sem a necessidade de adaptações ou risco de queima.
O que acontece na prática
Na prática, é possível comprovar essa divisão da tensão elétrica utilizando um multímetro ou um voltímetro comum. Durante o teste, quando medimos a tensão em um motor monofásico bivolt alimentado com 220 V, observamos que cada bobina recebe aproximadamente 110 V. Esse valor corresponde exatamente à metade da tensão total aplicada ao circuito.
Isso acontece porque, ao ligar as bobinas em série, a tensão da rede se distribui proporcionalmente à resistência elétrica de cada uma. Como as duas bobinas têm a mesma impedância, a tensão se divide de forma equilibrada — metade vai para a bobina de trabalho e a outra metade para a bobina auxiliar.
Em outras palavras, mesmo quando o motor está ligado a uma rede de 220 V, as bobinas não sofrem sobrecarga. Ambas continuam operando dentro do limite nominal de 110 V, evitando o superaquecimento e garantindo a durabilidade do enrolamento interno. Esse equilíbrio elétrico é o que torna possível o funcionamento bivolt sem que o motor sofra danos.
Esse comportamento confirma, na prática, por isso, o motivo pelo qual o entendimento das Leis de Ohm e de Kirchhoff é indispensável para o eletricista. Afinal, são esses princípios que explicam como a tensão e a corrente se comportam em circuitos resistivos e em associações tanto em série quanto em paralelo. Além disso, ao dominar essas leis, o profissional passa a interpretar corretamente os esquemas elétricos, consegue identificar falhas em ligações e ainda executa medições precisas. Dessa forma, ele garante que o motor opere sempre de forma segura e eficiente.
Por que entender o funcionamento do motor monofásico bivolt é importante
Compreender o funcionamento de um motor monofásico bivolt vai muito além da teoria aprendida em sala de aula. Afinal, trata-se de uma competência prática e essencial para qualquer eletricista que deseja se destacar no mercado. Além disso, esse conhecimento permite entender, com clareza, o comportamento das bobinas em diferentes tensões e, consequentemente, a maneira como a corrente elétrica se distribui em ligações série e paralelo.
Ao dominar esse conceito, o profissional ganha autonomia e confiança para atuar com segurança em diversas situações. Isso significa que ele é capaz de:
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Realizar ligações corretas, garantindo que o motor opere dentro dos limites de tensão ideais e evitando problemas como sobreaquecimento, sobrecarga ou até queima das bobinas;
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Identificar falhas com precisão, distinguindo se o defeito está em uma bobina danificada, em uma ligação incorreta ou até mesmo em uma alimentação inadequada;
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Compreender o princípio do funcionamento bivolt, reconhecendo por que determinados motores podem operar em 127 V ou 220 V sem necessidade de alterações estruturais;
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Aplicar esse conhecimento em manutenções preventivas e corretivas, aumentando a eficiência do diagnóstico e reduzindo o tempo de parada dos equipamentos.
Além disso, entender como o motor monofásico bivolt responde a diferentes condições de alimentação contribui diretamente para a segurança das instalações elétricas. Um eletricista que domina essa técnica consegue realizar medições, ajustes e testes de forma mais segura e profissional, garantindo que o motor opere com máximo desempenho e durabilidade prolongada.
Em resumo, esse domínio técnico não apenas evita erros e prejuízos, mas também eleva o nível de qualidade e confiança do trabalho elétrico, tornando o profissional mais preparado para lidar com desafios práticos da rotina.
Conclusão: teoria e prática caminhando juntas
O motor monofásico bivolt é um excelente exemplo de como a teoria elétrica se aplica diretamente à prática. A forma como as bobinas internas se associam determina a capacidade do motor de funcionar em 127 V ou 220 V sem comprometer o desempenho.
Quando ligadas em paralelo, ambas recebem a mesma tensão da rede. Já quando ligadas em série, a tensão se divide igualmente entre elas — garantindo que cada bobina opere em torno de 110 V, independentemente da alimentação.
Essa configuração inteligente torna o sistema seguro, eficiente e versátil. Ela permite que o motor se adapte a diferentes condições de uso sem risco de superaquecimento ou queima. Por isso, entender esse funcionamento é essencial para o eletricista que deseja ir além da simples execução de tarefas.
Mais do que apenas instalar, o profissional de destaque também entende o porquê de cada ligação. Além disso, ele domina conceitos, aplica as leis elétricas e ainda utiliza medições práticas para validar o que aprendeu. Desse modo, é essa combinação entre teoria e prática que realmente define o verdadeiro eletricista de alto nível — preparado para resolver problemas, garantir segurança e, por fim, valorizar o próprio trabalho.
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