Onde e Por Que Instalar uma Tomada Industrial?
Uma tomada industrial atende não apenas situações que exigem altas correntes ou tensões elevadas, como 380V. A escolha do modelo ideal vai muito além desses fatores. É necessário considerar o grau de proteção (IP), que indica a resistência do equipamento contra poeira e água, a quantidade de polos adequada para a configuração elétrica do sistema e o padrão de cores que segue normas técnicas específicas para indicar a tensão nominal. Esses critérios garantem não apenas a compatibilidade elétrica, mas também a segurança, a durabilidade e a eficiência da instalação, evitando falhas e riscos de acidentes.
Tomada Industrial e Grau de Proteção: IP44, IP67 e IP68
O grau de proteção, conhecido pela sigla IP (Ingress Protection), é um código internacional que classifica o nível de resistência de um equipamento contra a entrada de poeira, objetos sólidos e água. Ele é composto por dois números: o primeiro indica a proteção contra partículas sólidas e o segundo contra líquidos.
No caso da tomada industrial e do plugue:
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IP44: oferece proteção contra objetos sólidos maiores que 1 mm e contra respingos de água provenientes de qualquer direção. Ele é adequado para ambientes internos ou externos cobertos, onde há pouca exposição direta à chuva ou poeira.
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IP67: garante proteção total contra poeira (não permitindo a entrada de partículas sólidas) e contra imersão temporária em água, geralmente até 1 metro de profundidade por até 30 minutos. É ideal para locais com alta umidade ou onde a limpeza é feita com jatos d’água.
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IP68: oferece o mais alto nível de proteção, com vedação completa contra poeira e resistência à imersão prolongada em água, podendo suportar pressões maiores e profundidades superiores às especificadas no IP67.
Em resumo, quanto mais alto for o grau de proteção, mais resistente será o conjunto em condições adversas. Isso é crucial em ambientes industriais, externos ou com poeira, água ou imersão, garantindo segurança e durabilidade.
Corrente Suportada e Normas Técnicas
A intensidade de corrente é um dos fatores mais importantes na escolha de uma tomada industrial, pois determina a quantidade de energia elétrica que ela pode conduzir de forma segura. No mercado, esses dispositivos podem apresentar capacidades que vão desde 16 amperes (A) — utilizadas em equipamentos de menor potência — até modelos que suportam 125A ou mais, indicados para máquinas e sistemas industriais de alta demanda energética.
Todas essas especificações seguem rigorosamente a norma NBR IEC 60309-1, que estabelece padrões de fabricação, critérios de segurança, dimensões e requisitos de capacidade de condução elétrica. Isso garante que a tomada industrial seja capaz de operar de forma eficiente e segura, evitando aquecimentos excessivos, quedas de tensão e riscos de falha que poderiam comprometer tanto o equipamento quanto a segurança dos operadores.
Padrão de Cores e Tensões
As cores das tomadas e plugues industriais seguem um padrão estabelecido por normas técnicas, funcionando como um “código visual” que indica a tensão nominal do circuito. Por exemplo, o corpo na cor vermelha identifica equipamentos projetados para operar em 380 volts, enquanto a cor azul corresponde a tensões de 220 volts. Já as cores amarela, branca, preta e violeta representam outras faixas de tensão específicas, conforme tabelas normativas.
Esse padrão de cores é fundamental porque permite identificar rapidamente a tensão do equipamento, reduzindo o risco de conexões incorretas. Ao evitar que dispositivos se liguem a tensões incompatíveis, esse sistema aumenta diretamente a segurança da instalação e preserva os equipamentos conectados.
Quantidade de Polos e Conexões da Tomada Industrial
Os modelos de tomada industrial variam conforme a quantidade de polos, e cada configuração atende a um tipo específico de ligação elétrica.
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2 polos: usados apenas para tensões muito baixas (abaixo de 50V), sendo raros em ambientes industriais, já que este tipo de aplicação é mais comum em sistemas de segurança ou sinalização.
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3 polos: além disso, você pode configurar como 2 fases + terra ou fase + neutro + terra, indicando-os para sistemas trifásicos sem neutro ou monofásicos reforçados com aterramento.
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4 polos: permitem a ligação como 2 fases + neutro + terra ou 3 fases + terra, oferecendo mais flexibilidade para diferentes padrões de rede elétrica industrial.
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5 polos: contemplam a configuração 3 fases + neutro + terra, ideal para sistemas trifásicos completos, garantindo tanto a alimentação equilibrada quanto a segurança de aterramento.
É importante reforçar que a conexão incorreta entre polos e o tipo de alimentação pode gerar riscos sérios, como superaquecimento, falhas no funcionamento e até queima de equipamentos. Por exemplo, usar plugue de 3 polos para 3 fases em sistema de 2 fases + neutro é inadequado e compromete a segurança.
Contato Piloto: Segurança Adicional
Em modelos de tomada industrial com capacidade acima de 63A, além disso, é comum a presença do contato piloto, um recurso de segurança projetado para controlar a alimentação elétrica do circuito. Nesse sentido, esse contato atua como “interruptor automático”, permitindo corrente apenas depois que plugue e tomada estão totalmente acoplados.
Na prática, ele é o primeiro ponto a se desconectar ao remover o plugue e o último a se conectar ao inseri-lo. Essa ordem de operação garante que não haja energização enquanto as partes metálicas de contato ainda estão expostas ou mal encaixadas, evitando choques elétricos.
Além disso, o contato piloto reduz significativamente o risco de arco elétrico, que pode ocorrer quando há passagem de corrente durante a conexão ou desconexão. Esse tipo de proteção é especialmente importante em ambientes industriais, onde as correntes elevadas e equipamentos de grande porte tornam qualquer falha muito mais perigosa.
Instalação Correta de uma Tomada Industrial
Para garantir uma instalação segura e eficiente de uma tomada industrial, é fundamental seguir um conjunto de boas práticas que assegurem a durabilidade e o correto funcionamento do equipamento.
O primeiro passo é selecionar o cabo adequado, de forma que ele suporte a corrente nominal da tomada. Isso significa escolher o condutor com seção correta, conforme a carga e a NBR IEC 60309-1, evitando superaquecimento e queda de tensão.
Em seguida, é essencial respeitar o grau de proteção (IP) especificado para o modelo. Esse cuidado garante que o eletricista instale a tomada adequada, seja em área interna protegida ou externa exposta a poeira e água.
O eletricista deve conectar os condutores com atenção, ligando corretamente fase, neutro e terra nos terminais indicados pelo fabricante. Além disso, o próprio fabricante normalmente marca essa identificação na carcaça ou no interior da tomada, prevenindo inversões perigosas.
Outro ponto importante é utilizar o prensa-cabos. Essa peça prende o cabo à tomada, evitando que movimentos forcem os terminais e causem mau contato.
Por fim, antes de liberar a utilização, é indispensável testar toda a instalação. Esse teste inclui verificar a continuidade elétrica, a ausência de fuga de corrente e o funcionamento correto sob carga. Dessa forma, garante-se que o sistema está seguro para operação e dentro dos parâmetros técnicos exigidos.
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Conclusão
Escolher e instalar a tomada industrial correta garante segurança, eficiência e durabilidade para sua instalação elétrica. Ao considerar grau de proteção, corrente suportada, padrão de cores e quantidade de polos, você evita erros e prolonga a vida útil dos seus equipamentos.
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