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Capacitor de Motor | Como Saber se Está com Defeito?

O capacitor de motor é um componente essencial nos motores elétricos monofásicos, mas, apesar de sua importância, ainda gera muitas dúvidas entre profissionais e estudantes da elétrica. Isso acontece porque ele fica “escondido” dentro do motor, e seu funcionamento envolve conceitos como defasagem de corrente e criação de campo magnético girante — o que nem sempre é abordado com clareza nos cursos básicos.

Embora pequeno e aparentemente simples, o capacitor tem a função crucial de permitir que o motor monofásico dê o seu primeiro giro. Sem ele, o rotor simplesmente não sairia do lugar. Além disso, dependendo do tipo de capacitor, ele também pode ajudar a manter o desempenho e a eficiência do motor durante todo o seu funcionamento.

Neste post, vamos esclarecer de forma prática e técnica:

Nosso objetivo é descomplicar esse tema e oferecer a você uma compreensão sólida sobre o papel do capacitor no funcionamento dos motores elétricos. Afinal, dominar esse conhecimento pode evitar diagnósticos errados, melhorar manutenções e até ajudar no dimensionamento correto de componentes.

O que é um capacitor de motor?

Em resumo, o capacitor de motor funciona como um pequeno reservatório de energia elétrica. Ele armazena carga por alguns instantes e, em seguida, libera essa energia na forma de corrente elétrica, mas com um detalhe muito importante: essa corrente sai com uma defasagem em relação à tensão da rede elétrica.

Esse descompasso entre corrente e tensão — tecnicamente chamado de defasagem de fase — é o que torna o capacitor tão essencial nos motores monofásicos. Ao criar essa defasagem, o capacitor gera um segundo fluxo de corrente que, ao se somar ao fluxo das bobinas principais do motor, produz um campo magnético girante.

Esse campo girante é exatamente o que o rotor do motor precisa para começar a se mover. Sem esse fenômeno, o motor até recebe energia, mas o rotor não gira, ficando apenas vibrando ou fazendo ruídos. Portanto, o capacitor é quem dá o “empurrão inicial” no motor, garantindo que ele saia do estado de repouso e entre em funcionamento corretamente.

Por que motores monofásicos precisam de capacitor?

Diferente dos motores trifásicos, que recebem alimentação por três fases elétricas defasadas entre si (120°), os motores monofásicos operam com apenas duas conexões: fase e neutro, ou duas fases em alguns sistemas. Esse detalhe, embora pareça simples, traz uma limitação importante: a ausência de um campo magnético girante natural.

Nos motores trifásicos, esse campo girante é fundamental para iniciar e manter a rotação do rotor, e ele acontece automaticamente pela defasagem natural das três fases. Já nos motores monofásicos, por haver apenas um único campo oscilante, o rotor não recebe o “empurrão inicial” necessário para começar a girar. Como resultado, se nada for feito, o motor simplesmente vibra ou fica parado, mesmo estando energizado.

É exatamente nesse ponto que o capacitor de motor entra em ação.

Esse componente é conectado em série com a bobina auxiliar do motor (também chamada de bobina de partida) e, portanto, tem a função de adiantar a corrente elétrica em cerca de 90 graus em relação à tensão. Como resultado, esse adianto de fase cria um segundo campo magnético defasado em relação ao principal. Dessa forma, o motor simula uma espécie de “terceira fase” temporária, permitindo que o rotor inicie sua rotação mesmo em uma alimentação monofásica.

Esse fenômeno gera um campo magnético girante artificial, que é suficiente para iniciar a rotação do rotor. Depois que o motor começa a girar, a bobina auxiliar (junto com o capacitor, dependendo do tipo) pode ser desligada por um interruptor centrífugo ou continuar em funcionamento, dependendo se o motor é de partida apenas ou de partida e funcionamento contínuo.

Ou seja, sem o capacitor, o motor monofásico não consegue partir sozinho — e, portanto, esse componente deixa de ser opcional e passa a ser essencial para o funcionamento correto do equipamento.

Como o capacitor funciona na prática?

O capacitor tem uma função específica e extremamente importante no funcionamento de motores elétricos monofásicos: ele adianta a corrente em relação à tensão, ou seja, a corrente elétrica passa a circular com um deslocamento de fase em torno de 90 graus em comparação com a tensão da rede. Essa defasagem é justamente o que torna possível criar um campo magnético girante no interior do motor.

Vamos entender isso melhor:
Quando um motor monofásico é ligado, seus enrolamentos principais recebem energia elétrica e criam um campo magnético. No entanto, como essa alimentação vem de uma única fase, o campo gerado não tem a variação espacial necessária para colocar o rotor em movimento. É como se o motor “tentasse girar”, mas não soubesse para onde começar.

É aí que entra o capacitor, que está conectado em série com a bobina auxiliar. Por adiantar a corrente, ele gera um terceiro fluxo magnético, com uma orientação diferente dos campos produzidos pelas bobinas principais. O resultado é a formação de um campo magnético girante, condição essencial para que o rotor saia da inércia e comece a girar.

Esse processo ocorre nos primeiros segundos de funcionamento, no momento da partida do motor. Após isso, existem dois cenários, dependendo do tipo de capacitor usado:

Portanto, o capacitor de motor, junto com a bobina auxiliar, não apenas permite que o motor inicie o movimento, mas também pode contribuir para o bom desempenho durante o trabalho contínuo — dependendo do tipo de capacitor instalado.

Tipos de capacitor de motor

Existem dois tipos principais de capacitores utilizados em motores elétricos monofásicos, e cada um deles, por sua vez, cumpre uma função específica no desempenho do motor. Portanto, entender a diferença entre eles é fundamental para garantir uma manutenção correta e, além disso, dimensionar o motor de forma eficiente.

1. Capacitor de Partida

Esse tipo de capacitor é utilizado apenas no momento da partida do motor, ou seja, quando o motor está parado e precisa começar a girar. Ele tem uma alta capacitância (valor elevado de capacidade elétrica), o que permite fornecer um impulso extra de energia para o motor vencer a inércia inicial.

Assim que o motor atinge uma determinada velocidade (próxima da rotação nominal), o capacitor de partida é automaticamente desconectado por um dispositivo interno do motor. Esse dispositivo pode ser, por exemplo, um interruptor centrífugo (que atua com a força centrífuga do rotor) ou, alternativamente, um relé de partida. Depois que o motor atinge determinada velocidade, esse dispositivo entra em ação e, consequentemente, o capacitor de partida deixa de participar do funcionamento do motor.

2. Capacitor Permanente (ou de Marcha)

Diferente do de partida, o capacitor permanente permanece conectado durante todo o tempo em que o motor está em funcionamento. Ele tem uma capacitância menor em comparação ao capacitor de partida, mas sua função é igualmente importante.

Esse capacitor atua para melhorar o desempenho do motor ao longo do tempo, proporcionando:

Quando os Dois São Usados Juntos

Em muitas aplicações — especialmente nas que exigem torque elevado na partida e funcionamento contínuo com bom desempenho — os projetistas utilizam os dois tipos de capacitores em conjunto nos motores.

Nesse caso:

Esse sistema combinado é comum, por exemplo, em compressores, lavadoras, sistemas de ventilação e equipamentos industriais leves.

O que acontece quando o capacitor de motor apresenta defeito?

Quando o capacitor de motor está com defeito — seja por desgaste natural, mau dimensionamento ou falhas internas — o funcionamento do motor monofásico é diretamente comprometido. Isso ocorre porque o capacitor é essencial para criar a defasagem entre os campos magnéticos das bobinas, condição necessária para que o motor inicie seu movimento de rotação.

A seguir, veja os sinais mais comuns de falha no capacitor:

O Motor Não Parte Sozinho

Ao energizar o equipamento, o motor pode emitir apenas um ruído contínuo (o famoso “ronco”) ou realizar movimentos leves, sem força suficiente para girar. Isso acontece porque o campo magnético girante, que dá o empuxo inicial ao rotor, não está sendo corretamente gerado.

Necessidade de Impulso Manual

Em algumas situações, o rotor do motor precisa ser “empurrado” manualmente para iniciar o funcionamento. Esse comportamento indica que a bobina auxiliar, responsável por esse empuxo por meio do capacitor, não está operando como deveria.

Ruídos e Vibrações Anormais

Sem o funcionamento adequado do capacitor, o motor opera de forma instável, o que gera barulhos incomuns e vibrações excessivas. Esses sintomas afetam diretamente o desempenho e reduzem a vida útil do equipamento.

Perda de Torque e Rendimento

Mesmo que o motor funcione, ele pode apresentar baixa força (torque) e menor rendimento. Isso o torna ineficiente para aplicações que exigem desempenho constante e confiável.

Aumento no Consumo de Energia

Motores com capacitor defeituoso tendem a trabalhar em condições desequilibradas, o que leva a um consumo maior de energia elétrica. Isso aumenta os custos operacionais e, com o tempo, pode sobrecarregar o motor.

Risco de Queima do Motor

Em casos mais críticos, o uso contínuo com um capacitor danificado pode provocar aquecimento excessivo, sobrecarga e até mesmo a queima definitiva do motor.

Prevenção é o Melhor Caminho

Por isso, identificar esses sinais com antecedência é essencial para evitar danos maiores e manter a eficiência do sistema. Portanto, a substituição preventiva do capacitor, além de essencial, deve sempre respeitar as especificações corretas de capacitância e tensão. Dessa forma, você garante mais segurança, reduz custos operacionais e aumenta significativamente a confiabilidade no uso de motores monofásicos.

Como identificar um capacitor de motor com defeito?

Você pode:

Dica bônus: instalação correta do capacitor de motor

Nunca instale um capacitor aleatoriamente. Ele deve ter a capacitância e tensão indicadas pelo fabricante do motor. Além disso:

Conclusão: o capacitor de motor é o coração da partida

O capacitor de motor não é um acessório opcional. Ele é absolutamente essencial para que o motor monofásico funcione com eficiência, segurança e desempenho. Sem ele, o motor nem mesmo consegue iniciar sua rotação.

Compreender o funcionamento desse componente, os sintomas de falha e os cuidados na instalação é o que separa um profissional iniciante de um eletricista realmente preparado.

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