DPS no Neutro | Quando é Obrigatório Segundo a NBR 5410

“Devo instalar DPS no neutro ou não?”
Essa dúvida é extremamente comum entre eletricistas e técnicos, especialmente porque envolve um ponto crítico da proteção elétrica: a correta aplicação dos Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS).

Apesar de parecer uma decisão simples — um “sim” ou “não” —, a verdade é que a resposta depende de uma análise cuidadosa da instalação elétrica e, principalmente, do que determina a norma NBR 5410.

A estrutura do sistema de aterramento (como TNS, TNC ou TNCS), o modo como o neutro é tratado dentro da edificação e o ponto de aterramento no barramento de equipotencialização principal (BEP) são fatores determinantes.

Ignorar esses aspectos pode levar à instalação incorreta do DPS no neutro, o que compromete a eficácia da proteção contra surtos, pode causar danos a equipamentos e até oferecer risco à segurança das pessoas.

Portanto, antes de simplesmente instalar (ou deixar de instalar) o DPS no neutro, é essencial entender as características da instalação e seguir corretamente o que está previsto na norma técnica vigente.

O Que Diz a NBR 5410 Sobre DPS no Neutro

Para responder com clareza se é ou não necessário instalar DPS no neutro, é indispensável consultar a NBR 5410, que trata das instalações elétricas de baixa tensão. A versão atualmente em vigor (2004), no item 6.3.5.2.6, apresenta um fluxograma de decisão que guia o eletricista na hora de aplicar corretamente a proteção contra surtos.

O processo começa com a seguinte pergunta:

👉 A linha elétrica que alimenta a edificação possui condutor neutro?

  • Se a resposta for “não”: significa que a instalação é, por exemplo, trifásica sem neutro. Nesse caso, não há como instalar DPS no neutro, pois esse condutor simplesmente não existe no sistema.

  • Se a resposta for “sim”: ou seja, o sistema possui fase(s) e neutro, como em muitas instalações monofásicas ou bifásicas, então é preciso seguir para o próximo passo da análise.

A próxima questão é:

👉 Você vai aterrar o condutor neutro no BEP (Barramento de Equipotencialização Principal) da edificação?

  • Se “sim”: ou seja, ao conectar o neutro diretamente ao barramento principal de aterramento da instalação, o eletricista elimina a necessidade de instalar o DPS no neutro, já que o condutor já está referenciado ao potencial de terra.

  • Se “não”: ou seja, quando o eletricista não aterra o neutro no BEP, a norma exige uma proteção específica. Nesse caso, o profissional precisa avaliar o tipo de esquema de conexão adotado.

    • No Esquema 2: a instalação do DPS no neutro é obrigatória, pois a proteção deve abranger todos os condutores ativos que não estão referenciados diretamente ao BEP.

    • No Esquema 3: o neutro pode ser dispensado do DPS, desde que seja instalada uma proteção no condutor de proteção (PE).

Portanto, a instalação do DPS no neutro não é uma regra fixa, mas sim uma decisão técnica baseada na estrutura do sistema elétrico e nas exigências da norma. Avaliar corretamente esse cenário evita erros, garante segurança e conformidade com as boas práticas normativas.

DPS no neutro

Quando é Obrigatório Instalar DPS no Neutro?

A obrigatoriedade de instalar um DPS no neutro depende principalmente de dois fatores essenciais:

  1. Se a instalação possui condutor neutro, e

  2. Se esse neutro é aterrado ou não no BEP (Barramento de Equipotencialização Principal) da edificação.

👉 Se o projeto não aterra o neutro no BEP, a norma NBR 5410 apresenta dois esquemas de conexão possíveis, e cada um exige uma abordagem diferente.

  • Esquema de Conexão 2:
    Neste caso, a instalação do DPS no neutro é obrigatória. Isso significa que o eletricista deve proteger o neutro com um dispositivo contra surtos, assim como os condutores de fase. Isso garante uma proteção mais completa contra sobretensões que possam circular pelo neutro em instalações não aterradas no BEP.

  • Esquema de Conexão 3:
    Aqui, não é necessário instalar o DPS no neutro, mas a norma exige que o condutor PE (condutor de proteção) receba proteção. Instalar um DPS diretamente no terra garante a segurança, mesmo sem proteger o neutro diretamente.

Em resumo:

  • Se o neutro for aterrado no BEP: não se instala DPS no neutro.

  • Se o neutro não for aterrado no BEP:

    • No Esquema 2: DPS no neutro é obrigatório.

    • No Esquema 3: DPS no neutro é dispensado, mas o PE deve ser protegido.

Portanto, o eletricista toma a decisão correta com base no esquema adotado e na forma como implementou o aterramento. Conhecer esses detalhes é fundamental para garantir a conformidade com a norma e proteger adequadamente a instalação contra surtos elétricos.

Mas o Que é PE, PEN e Outros Termos?

Para interpretar corretamente o fluxograma da NBR 5410, é fundamental entender primeiro a função e a diferença entre dois tipos de condutores. Só assim você saberá quando o DPS no neutro é necessário:

  • PE (Condutor de Proteção): é o fio responsável por conduzir correntes de fuga para o aterramento, protegendo as pessoas contra choques elétricos. O eletricista sempre separa o condutor de proteção do neutro, já que sua função exclusiva é garantir a proteção. Esse tipo de configuração é comum no sistema de aterramento TNS, onde o neutro e o PE seguem caminhos distintos desde a origem da instalação.
  • PEN (Condutor de Proteção e Neutro): é um único condutor que acumula as funções de neutro e de proteção ao mesmo tempo. Esse condutor é característico do sistema TNC, mais comum em instalações antigas ou em certos tipos de distribuição pública. Por ser um único fio para duas funções, exige atenção especial na hora de aplicar dispositivos de proteção, como o DPS.

Sendo assim, o sistema de aterramento adotado (TNC, TNS ou TN-C-S) vai determinar a necessidade ou não de instalar o DPS no neutro. Por exemplo, em instalações residenciais com sistema TNS, o próprio sistema geralmente aterra o neutro diretamente no BEP (Barramento de Equipotencialização Principal).. Nessa situação, não é necessário instalar um DPS no neutro, já que o aterramento adequado no BEP garante a proteção exigida pela norma.

Em sistemas onde o neutro não se conecta ao BEP, a norma exige o uso de DPS no neutro, dependendo do esquema de conexão.

Por Que isso é Importante na Prática?

Saber se você deve ou não instalar o DPS no neutro é uma decisão técnica que vai muito além do “achismo”. Ao escolher corretamente, você evita erros que comprometem o funcionamento e a segurança da instalação. Por exemplo, instalar um DPS no neutro onde ele não é necessário pode gerar um custo extra desnecessário e não trará nenhum benefício prático. Por outro lado, deixar de instalar quando a norma exige coloca toda a proteção da edificação em risco.

Além disso, a escolha correta mostra domínio da NBR 5410. Indica que o profissional entende o sistema de aterramento (TNC, TNS etc.) e segue os padrões técnicos para instalações de baixa tensão. Isso reforça sua credibilidade e mostra preparo técnico de alto nível.

DPS no neutro

Conclusão: DPS no Neutro, Sim ou Não?

O eletricista não deve decidir instalar ou não o DPS no neutro com base em achismos, experiência empírica ou práticas genéricas. Ela precisa estar fundamentada em três pontos essenciais:

  1. O sistema de aterramento utilizado (TNC, TNS, TT, etc.) — pois ele determina como o neutro e o condutor de proteção (PE ou PEN) se comportam na instalação;
  2. A topologia da instalação — ou seja, considere como projetaram a rede, se fizeram o aterramento no BEP, se o neutro é compartilhado e como distribuíram os quadros e cargas.
  3. As exigências normativas da NBR 5410 — essas normas fornecem fluxogramas e diretrizes claras para indicar quando instalar ou não o DPS no neutro.

Portanto, antes de decidir, revise o projeto elétrico com atenção, consulte a NBR 5410 (especialmente o item 6.3.5.2.6), e siga à risca o que a norma determina. Só assim você aplica a proteção com DPS no neutro de forma segura, técnica e eficaz — e apenas quando realmente necessário.

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Everton Moraes

Everton Moraes

Professor, palestrante e instrutor de treinamentos a mais de 9 anos. Já passou por grandes empresas no Brasil como, Senai, Scania, Pirelli, Toledo entre outras. Todo o conhecimento adquirido em 20 anos de carreira é disponibilizado nos cursos e treinamentos.

“Sou apaixonado pela formação e qualificação de profissionais, passando todo o meu conhecimento prático e ajudando todos os meus alunos a também adquirirem esse conhecimento a se tornarem melhores profissionais.”

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