Ao trabalhar com instalações elétricas, saber como aplicar corretamente os conceitos de aterramento é mais do que necessário — é essencial. No entanto, muitos profissionais acreditam que a NBR 5410 é a única norma relevante sobre o tema. Isso é um equívoco. Na verdade, existem diversas normas de aterramento elétrico que precisam ser compreendidas para garantir eficiência, segurança e conformidade nas instalações.
Neste post, você vai conhecer as principais normas técnicas que regulamentam o aterramento no Brasil e entender como aplicá-las no seu dia a dia como eletricista, técnico ou engenheiro.
A NBR 5410 é, sem dúvida, a norma mais conhecida e amplamente utilizada no setor elétrico. Ela define os requisitos mínimos para o projeto, execução e manutenção de instalações elétricas em baixa tensão, abrangendo residências, comércios, indústrias e edifícios em geral.
No que se refere ao aterramento, a norma traz diretrizes essenciais, como:
Classificação dos sistemas de aterramento (TT, TN e IT), explicando como cada tipo deve ser implementado conforme as condições da instalação;
Dimensionamento dos condutores de proteção (PE), que têm como função direcionar correntes de falha com segurança;
Equipotencialização, que consiste em unir eletricamente diversas partes condutivas da instalação para manter o mesmo potencial elétrico e evitar choques;
E também métodos de proteção contra choques elétricos, sejam eles diretos ou indiretos.
No entanto, é importante destacar que a NBR 5410 funciona como uma norma de base, ou seja, ela oferece uma visão geral e orientações principais. Sozinha, ela não detalha todos os procedimentos, ensaios e materiais específicos exigidos em sistemas de aterramento, principalmente em contextos como subestações, medições de resistividade do solo ou proteção de equipamentos sensíveis.
Por isso, é fundamental consultar outras normas complementares para garantir um sistema de aterramento realmente seguro, eficiente e conforme às boas práticas do setor.
A resistividade do solo é um dos fatores mais importantes na hora de projetar ou avaliar um sistema de aterramento. Ela determina a capacidade que o solo tem de dispersar correntes elétricas para a terra com segurança e eficiência. Quando a resistividade é alta, o sistema pode não funcionar adequadamente, comprometendo a proteção de pessoas e equipamentos.
A norma NBR 7117 orienta como realizar essa medição utilizando o método de quatro pontos, também conhecido como método de Wenner. Esse procedimento envolve o uso de dois eletrodos de corrente (que injetam corrente no solo) e dois eletrodos de potencial (que medem a queda de tensão gerada). A partir dessas leituras, calcula-se a resistividade elétrica do solo em ohm-metros (Ω·m).
Com esse valor em mãos, o profissional consegue determinar se o terreno é apropriado para instalar uma malha de aterramento ou hastes verticais. Caso a resistividade seja muito alta, será necessário adotar soluções como o uso de materiais condutivos especiais, maior número de hastes ou até mesmo melhorias químicas no solo para garantir a segurança e o bom desempenho do sistema.
Se você atua em instalações de média ou alta tensão — como em ambientes industriais, parques de geração de energia ou redes de distribuição —, a aplicação da norma NBR 15751 é indispensável. Ela estabelece todos os requisitos técnicos para o projeto e execução dos sistemas de aterramento em subestações elétricas. Esses critérios são fundamentais para minimizar os riscos de tensões de passo (quando uma pessoa toca o solo em dois pontos com diferença de potencial) e tensões de toque (quando há contato simultâneo com partes condutivas em diferentes potenciais elétricos). Além disso, a norma orienta como garantir a integridade dos equipamentos instalados e evitar falhas operacionais causadas por descargas atmosféricas ou surtos na rede elétrica.
Entre todas as normas de aterramento elétrico, a NBR 15749 merece atenção especial. Isso porque ela ensina, de forma detalhada, como realizar a medição das chamadas tensões superficiais — especificamente as tensões de toque e de passo. Essas tensões ocorrem quando há diferença de potencial elétrico entre pontos do solo e podem causar choques perigosos em pessoas e animais, principalmente em áreas externas, próximas a subestações, postes ou estruturas metálicas.
A norma descreve os procedimentos técnicos para garantir que essas tensões estejam dentro de limites seguros, conforme estabelecido pela legislação. Dominar essa medição é fundamental não apenas para validar a eficiência de uma malha de aterramento, mas também para assegurar que a instalação elétrica como um todo ofereça o nível de proteção necessário em situações de falha, como descargas atmosféricas ou curtos-circuitos.
A NBR 16527 é uma norma técnica específica para o aterramento em redes de distribuição de energia elétrica. Ela complementa a NBR 15751 — que trata do aterramento em subestações — ao focar em outros elementos presentes nos sistemas de distribuição, como postes, transformadores de distribuição, chaves seccionadoras, cruzetas e demais estruturas metálicas instaladas ao longo da rede.
Essa norma descreve critérios e exigências que garantem a segurança elétrica, o correto funcionamento dos sistemas de proteção e a integridade das pessoas e equipamentos próximos à rede. Seu uso é indispensável em projetos de concessionárias, cooperativas de eletrificação rural e também em instalações com sistemas de geração distribuída, como os painéis solares conectados à rede pública (sistemas fotovoltaicos on-grid).
Portanto, compreender a NBR 16527 é essencial para profissionais que atuam com instalação, manutenção e fiscalização de redes elétricas externas.
Neste ponto, entra em cena a norma que trata dos critérios de qualidade e das especificações técnicas dos materiais utilizados nos sistemas de aterramento. Isso inclui componentes como hastes de aterramento, cabos de cobre nu ou isolado, conectores específicos para aterramento, soldas exotérmicas (usadas para unir condutores de forma permanente e com baixa resistência elétrica), entre outros itens essenciais.
A função dessa norma é assegurar que todos os materiais utilizados estejam de acordo com padrões técnicos que garantam eficiência elétrica, resistência mecânica e durabilidade ao longo do tempo, mesmo quando expostos a condições ambientais adversas, como umidade, corrosão ou variações de temperatura.
Ou seja, seguir as orientações dessa norma é indispensável para manter a integridade e a segurança do sistema de aterramento, prevenindo falhas que poderiam comprometer a proteção de equipamentos e pessoas.
Algumas das normas de aterramento elétrico mencionadas estão atualmente em processo de revisão. Isso ocorre, principalmente, em decorrência da recente atualização da NBR 5410, que serve como base para grande parte das normas relacionadas às instalações elétricas. Como muitas dessas normas complementam a 5410 ou se referem a critérios técnicos semelhantes, é natural que passem por ajustes para manter coerência e alinhamento técnico.
Contudo, é importante destacar que, mesmo que essas normas estejam sendo revisadas, as versões atuais continuam em vigor até que as atualizações sejam oficialmente publicadas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Ou seja, você deve seguir e aplicar o que está válido no momento, sempre respeitando as diretrizes técnicas estabelecidas.
Por isso, é fundamental acompanhar as atualizações periódicas da ABNT e consultar diretamente as versões mais recentes nos canais oficiais. Dessa forma, você garante que está aplicando os procedimentos mais corretos, seguros e reconhecidos tecnicamente nas suas instalações e projetos.
Conhecer e aplicar corretamente as normas de aterramento elétrico é um diferencial técnico importante — e mais que isso, é um compromisso com a segurança das pessoas, dos equipamentos e da instalação como um todo.
Portanto, vá além da NBR 5410. Estude as normas complementares, compreenda os métodos de medição e siga as orientações para o uso de materiais corretos. Assim, você se posiciona como um profissional completo e confiável no mercado.
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