Quando falamos em partida de motores com soft starter, muitos eletricistas confundem o funcionamento desse dispositivo com o de um inversor de frequência. Essa confusão acontece porque os manuais e até alguns professores usam termos inadequados, como “rampa de aceleração” e “rampa de desaceleração”. Entretanto, esses termos não representam a realidade.
Primeiramente, é importante deixar claro: o inversor de frequência controla a velocidade do motor, enquanto o soft starter controla apenas a partida e a parada.
Em outras palavras, o inversor atua diretamente sobre a frequência elétrica que alimenta o motor, e é essa frequência que define sua velocidade de rotação. Isso significa que, ao usar um inversor de frequência, você pode acelerar ou reduzir a rotação do motor de acordo com a necessidade da aplicação.
Já o soft starter não interfere na velocidade. Ele trabalha apenas na injeção gradual de tensão elétrica no momento da partida e, em alguns casos, na parada. Assim, o motor não sofre picos bruscos de energia ao ligar e não gera impactos negativos na rede elétrica ou nos componentes internos.
Portanto, quando você utiliza um soft starter, não está controlando quantos giros o motor dá por minuto. O que está acontecendo é uma partida suave, que evita quedas de tensão na rede, reduz o desgaste dos contatos e protege o motor contra esforços mecânicos desnecessários. Além disso, no momento da parada, o soft starter pode reduzir a tensão de forma controlada, permitindo que o desligamento também ocorra de maneira mais estável e sem choques elétricos.
Em resumo, o inversor é ideal quando a aplicação exige controle de velocidade variável, enquanto o soft starter é usado quando o objetivo principal é garantir partidas e paradas mais seguras e eficientes para o motor.
Nos manuais técnicos, é muito comum encontrar o termo “rampa de aceleração”, mas essa nomenclatura induz ao erro. O termo correto deveria ser “rampa de partida”.
Isso acontece porque o soft starter não controla a velocidade do motor — esse é o papel do inversor de frequência. O que ele realmente faz é gerenciar a injeção gradual de tensão no momento em que o motor parte.
Funciona assim:
Primeiro, o soft starter define uma tensão inicial, geralmente configurada entre 50% e 60% da tensão nominal.
A partir desse ponto, ele aumenta a tensão de forma progressiva, até que o motor atinja os valores nominais da rede (220V, 380V, 440V, etc.).
Esse aumento não ocorre de forma instantânea, mas dentro de um intervalo de tempo ajustado, chamado tempo de partida.
Portanto, essa curva de crescimento de tensão é chamada corretamente de rampa de partida. Não faz sentido chamá-la de rampa de aceleração porque o soft starter não está controlando os giros por minuto (RPM) do motor. O que ele faz, na prática, é fornecer energia gradualmente, permitindo que o motor vença a inércia e alcance a sua velocidade nominal de maneira mais suave e segura, sem causar picos de corrente na rede elétrica.
No processo de desligamento do motor, muitos ainda utilizam o termo “rampa de desaceleração”. Porém, essa definição é incorreta, já que o soft starter não controla a velocidade do motor. O termo adequado é rampa de parada.
Veja como funciona de forma prática:
O motor está em funcionamento com tensão nominal, ou seja, recebendo toda a energia necessária para operar normalmente.
Quando ocorre o comando de desligamento, o soft starter reduz a tensão gradualmente, até que ela se aproxime de zero.
Essa redução controlada da tensão permite uma parada suave, evitando impactos elétricos e mecânicos bruscos.
É importante destacar que, nesse processo, o soft starter não controla os giros ou a velocidade do motor. Quem determina a velocidade é a frequência da rede elétrica. Portanto, o motor diminui sua rotação simplesmente porque a alimentação foi retirada, e não porque houve um controle direto de sua rotação.
Assim, chamar esse processo de “desaceleração” pode gerar confusão, já que não existe um controle ativo da velocidade. O correto é compreender que o soft starter apenas administra a forma como a tensão é retirada, garantindo uma parada mais eficiente e segura.
Ao usar corretamente a partida de motores com soft starter, você garante uma série de benefícios importantes.
Primeiro, há a redução do impacto na rede elétrica no momento da partida. Isso significa que o soft starter controla a forma como a tensão é aplicada ao motor, evitando picos repentinos que poderiam prejudicar a rede e causar quedas de tensão.
Além disso, ocorre a diminuição dos picos de corrente, protegendo tanto o motor quanto os cabos e disjuntores do sistema. Esse controle resulta em menor desgaste dos componentes elétricos e maior segurança operacional.
Outro ponto essencial é o aumento da vida útil dos motores e equipamentos, já que a partida suave evita esforços mecânicos excessivos e reduz vibrações que, com o tempo, poderiam causar danos internos.
Também é importante destacar que o soft starter proporciona partidas e paradas suaves, o que protege engrenagens, acoplamentos e todo o sistema mecânico, evitando choques bruscos e prolongando a durabilidade da instalação.
Por fim, alguns modelos mais avançados oferecem recursos adicionais, como a frenagem controlada, que melhora ainda mais a eficiência do sistema, garantindo um desligamento mais seguro e confiável do motor.
Agora você já entende que muitos profissionais confundem os conceitos de rampa de aceleração e rampa de desaceleração da soft starter. No entanto, na prática, o dispositivo não controla a velocidade do motor, mas sim a injeção gradual de tensão durante a partida e o desligamento. Essa diferença é fundamental para evitar confusões com o inversor de frequência, que de fato atua no controle de velocidade.
Portanto, ao compreender corretamente o funcionamento da soft starter, você se torna capaz de aplicar soluções mais seguras e eficientes no seu dia a dia, além de reduzir falhas e aumentar a vida útil dos motores.
👉 Quer se aprofundar ainda mais nesse tipo de conhecimento prático? Acompanhe os conteúdos da Sala da Elétrica e descubra como dominar a automação e os comandos elétricos pode transformar a sua carreira no setor.
Deixe o seu comentário