Partida de Motores com Soft Starter | Como Funciona?

Quando falamos em partida de motores com soft starter, muitos eletricistas confundem o funcionamento desse dispositivo com o de um inversor de frequência. Essa confusão acontece porque os manuais e até alguns professores usam termos inadequados, como “rampa de aceleração” e “rampa de desaceleração”. Entretanto, esses termos não representam a realidade.

Diferença entre Soft Starter e Inversor de Frequência na Partida de Motores com Soft Starter

Primeiramente, é importante deixar claro: o inversor de frequência controla a velocidade do motor, enquanto o soft starter controla apenas a partida e a parada.

Em outras palavras, o inversor atua diretamente sobre a frequência elétrica que alimenta o motor, e é essa frequência que define sua velocidade de rotação. Isso significa que, ao usar um inversor de frequência, você pode acelerar ou reduzir a rotação do motor de acordo com a necessidade da aplicação.

Já o soft starter não interfere na velocidade. Ele trabalha apenas na injeção gradual de tensão elétrica no momento da partida e, em alguns casos, na parada. Assim, o motor não sofre picos bruscos de energia ao ligar e não gera impactos negativos na rede elétrica ou nos componentes internos.

Portanto, quando você utiliza um soft starter, não está controlando quantos giros o motor dá por minuto. O que está acontecendo é uma partida suave, que evita quedas de tensão na rede, reduz o desgaste dos contatos e protege o motor contra esforços mecânicos desnecessários. Além disso, no momento da parada, o soft starter pode reduzir a tensão de forma controlada, permitindo que o desligamento também ocorra de maneira mais estável e sem choques elétricos.

Em resumo, o inversor é ideal quando a aplicação exige controle de velocidade variável, enquanto o soft starter é usado quando o objetivo principal é garantir partidas e paradas mais seguras e eficientes para o motor.

soft starter e inversor de frequência - partida de motores com soft starter

A Verdade sobre a “Rampa de Aceleração” na Partida de Motores com Soft Starter

Nos manuais técnicos, é muito comum encontrar o termo “rampa de aceleração”, mas essa nomenclatura induz ao erro. O termo correto deveria ser “rampa de partida”.

Isso acontece porque o soft starter não controla a velocidade do motor — esse é o papel do inversor de frequência. O que ele realmente faz é gerenciar a injeção gradual de tensão no momento em que o motor parte.

Funciona assim:

  • Primeiro, o soft starter define uma tensão inicial, geralmente configurada entre 50% e 60% da tensão nominal.

  • A partir desse ponto, ele aumenta a tensão de forma progressiva, até que o motor atinja os valores nominais da rede (220V, 380V, 440V, etc.).

  • Esse aumento não ocorre de forma instantânea, mas dentro de um intervalo de tempo ajustado, chamado tempo de partida.

Portanto, essa curva de crescimento de tensão é chamada corretamente de rampa de partida. Não faz sentido chamá-la de rampa de aceleração porque o soft starter não está controlando os giros por minuto (RPM) do motor. O que ele faz, na prática, é fornecer energia gradualmente, permitindo que o motor vença a inércia e alcance a sua velocidade nominal de maneira mais suave e segura, sem causar picos de corrente na rede elétrica.

O que é soft starter: rampa de aceleração, e rampa de desaceleração

O que Significa a “Rampa de Desaceleração”

No processo de desligamento do motor, muitos ainda utilizam o termo “rampa de desaceleração”. Porém, essa definição é incorreta, já que o soft starter não controla a velocidade do motor. O termo adequado é rampa de parada.

Veja como funciona de forma prática:

  1. O motor está em funcionamento com tensão nominal, ou seja, recebendo toda a energia necessária para operar normalmente.

  2. Quando ocorre o comando de desligamento, o soft starter reduz a tensão gradualmente, até que ela se aproxime de zero.

  3. Essa redução controlada da tensão permite uma parada suave, evitando impactos elétricos e mecânicos bruscos.

É importante destacar que, nesse processo, o soft starter não controla os giros ou a velocidade do motor. Quem determina a velocidade é a frequência da rede elétrica. Portanto, o motor diminui sua rotação simplesmente porque a alimentação foi retirada, e não porque houve um controle direto de sua rotação.

Assim, chamar esse processo de “desaceleração” pode gerar confusão, já que não existe um controle ativo da velocidade. O correto é compreender que o soft starter apenas administra a forma como a tensão é retirada, garantindo uma parada mais eficiente e segura.

Benefícios da Partida de Motores com Soft Starter

Ao usar corretamente a partida de motores com soft starter, você garante uma série de benefícios importantes.

Primeiro, há a redução do impacto na rede elétrica no momento da partida. Isso significa que o soft starter controla a forma como a tensão é aplicada ao motor, evitando picos repentinos que poderiam prejudicar a rede e causar quedas de tensão.

Além disso, ocorre a diminuição dos picos de corrente, protegendo tanto o motor quanto os cabos e disjuntores do sistema. Esse controle resulta em menor desgaste dos componentes elétricos e maior segurança operacional.

Outro ponto essencial é o aumento da vida útil dos motores e equipamentos, já que a partida suave evita esforços mecânicos excessivos e reduz vibrações que, com o tempo, poderiam causar danos internos.

Também é importante destacar que o soft starter proporciona partidas e paradas suaves, o que protege engrenagens, acoplamentos e todo o sistema mecânico, evitando choques bruscos e prolongando a durabilidade da instalação.

Por fim, alguns modelos mais avançados oferecem recursos adicionais, como a frenagem controlada, que melhora ainda mais a eficiência do sistema, garantindo um desligamento mais seguro e confiável do motor.

partida de motores com soft starter

Conclusão

Agora você já entende que muitos profissionais confundem os conceitos de rampa de aceleração e rampa de desaceleração da soft starter. No entanto, na prática, o dispositivo não controla a velocidade do motor, mas sim a injeção gradual de tensão durante a partida e o desligamento. Essa diferença é fundamental para evitar confusões com o inversor de frequência, que de fato atua no controle de velocidade.

Portanto, ao compreender corretamente o funcionamento da soft starter, você se torna capaz de aplicar soluções mais seguras e eficientes no seu dia a dia, além de reduzir falhas e aumentar a vida útil dos motores.

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Everton Moraes

Everton Moraes

Professor, palestrante e instrutor de treinamentos a mais de 9 anos. Já passou por grandes empresas no Brasil como, Senai, Scania, Pirelli, Toledo entre outras. Todo o conhecimento adquirido em 20 anos de carreira é disponibilizado nos cursos e treinamentos.

“Sou apaixonado pela formação e qualificação de profissionais, passando todo o meu conhecimento prático e ajudando todos os meus alunos a também adquirirem esse conhecimento a se tornarem melhores profissionais.”

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