Quando você se depara com um motor monofásico sem nenhuma identificação visível nos fios, a dúvida aparece de imediato: como saber onde ligar cada terminal com segurança? Esse é um desafio comum em manutenções de campo, principalmente em motores antigos, reaproveitados ou que perderam suas etiquetas. Nesses casos, dominar a identificação de terminais do motor é essencial para evitar erros na ligação e garantir o funcionamento correto do equipamento.
A boa notícia é que, mesmo sem um diagrama ou cores padrão, existe uma técnica segura, simples e eficaz para realizar a identificação de terminais do motor. Com ferramentas básicas e um pouco de atenção, você será capaz de reconhecer as bobinas e realizar a ligação correta — evitando erros que poderiam danificar o equipamento ou comprometer sua performance.
Antes de iniciar o processo de identificação dos terminais, é fundamental compreender a estrutura interna de um motor monofásico padrão. Esse tipo de motor possui três conjuntos de bobinas, e entender o papel de cada uma é essencial para realizar a ligação correta.
Duas bobinas principais: são os enrolamentos que permanecem energizados durante toda a operação do motor. Elas são responsáveis por gerar o campo magnético rotativo que mantém o rotor em movimento contínuo. Essas bobinas trabalham em conjunto, recebendo a alimentação diretamente da rede elétrica.
Uma bobina auxiliar: essa é utilizada apenas no momento da partida do motor. Sua função é gerar um desfasamento entre os campos magnéticos, criando o torque necessário para iniciar o giro do rotor. Geralmente, essa bobina está conectada a um capacitor, que é o componente que permite esse desfasamento inicial.
Essa diferenciação entre bobinas é crucial porque cada conjunto terá um valor de resistência diferente — o que será percebido nas medições com o multímetro. Ao compreender essa estrutura, você poderá identificar corretamente os terminais de cada bobina e, assim, realizar a ligação elétrica com segurança e eficiência.
Para iniciar o processo de identificação de terminais do motor, é essencial utilizar um multímetro na escala de resistência (ohmímetro). Com ele em mãos, você deve testar todos os pares de fios do motor até encontrar três pares distintos, que representam os três conjuntos de bobinas internas.
Os dois primeiros pares que você encontrará — as bobinas principais — normalmente apresentam resistências próximas de 4 a 5 ohms, indicando que são os enrolamentos responsáveis pela operação contínua do motor.
O terceiro par, por outro lado, está ligado à bobina auxiliar, que funciona em conjunto com o capacitor para dar partida ao motor. Esse conjunto, devido à presença do capacitor, costuma apresentar uma resistência significativamente maior, geralmente acima de 15 kohms.
Essa diferença de valores de resistência é um dos principais indicadores que permitem identificar com segurança cada conjunto de bobinas, mesmo quando os fios não possuem marcações, cores padrão ou etiquetas identificadoras. Com essa medição, você já estará um passo mais próximo de montar a ligação correta do motor monofásico.
Depois de identificar corretamente os três pares de fios do motor monofásico, o próximo passo é determinar a polaridade correta dos terminais principais. Esse procedimento é fundamental para garantir que o motor funcione com eficiência, sem ruídos excessivos ou consumo elevado de corrente.
Na prática funciona dessa forma:
Escolha dois terminais de um dos pares e nomeie-os como “1” e “2”. Como não há marcação visível, essa escolha será feita de forma arbitrária apenas para facilitar o teste.
Pegue um dos fios do segundo par de bobinas e conecte com o terminal “2”. Essa ligação cria a interconexão entre os dois conjuntos principais do motor.
Alimente o circuito com fase e neutro nos terminais “1” e no fio restante do segundo par de bobinas — os que não estão conectados entre si.
Use um alicate amperímetro para medir a corrente elétrica no momento da energização. Ligue o motor por alguns segundos e anote o valor da corrente medida. É importante não manter o motor ligado por muito tempo nessa etapa para evitar superaquecimento.
Desligue a alimentação, inverta os fios do segundo par de bobinas (ou seja, troque os terminais entre si) e repita exatamente o mesmo teste de corrente.
Compare os dois valores de corrente medidos. A menor corrente registrada indica a ligação correta dos terminais, pois isso demonstra que o fluxo magnético interno está bem alinhado. Nessa condição, o motor trabalhará com menor esforço, menos ruído e consumo otimizado.
Esse processo garante que você descubra com precisão como deve ser feita a ligação das bobinas principais, mesmo quando o motor não possui identificação nos cabos.
Por exemplo, imagine que você fez a primeira ligação do motor e, ao realizar a medição com o alicate amperímetro, a corrente elétrica indicada foi de 12,8 amperes. Em seguida, você inverte os terminais da bobina auxiliar (também chamada de bobina de partida) e refaz a medição. Dessa vez, a corrente cai significativamente para 4,5 amperes.
Essa diferença de corrente entre as duas ligações é um indicativo claro de que a segunda ligação está correta. Ou seja, quando a corrente medida é menor, significa que o campo magnético gerado internamente está bem ajustado, o que garante o funcionamento eficiente do motor. Esse teste prático é uma forma confiável e eficaz de confirmar a identificação correta dos terminais do motor monofásico, mesmo quando não há nenhuma indicação ou esquema na carcaça.
Além disso, é essencial isolar adequadamente todos os fios expostos com fita isolante ou conectores apropriados antes de realizar qualquer teste. Também é fundamental fazer a energização do motor por apenas alguns segundos, o suficiente para medir a corrente e evitar superaquecimento ou danos ao equipamento durante a verificação. Segurança e agilidade são pontos-chave nesse processo.
Por isso, dominar a identificação de terminais do motor é uma competência indispensável para qualquer eletricista que trabalha com motores elétricos. Especialmente em situações em que os cabos estão sem marcação ou deteriorados, essa habilidade se torna ainda mais crucial. Afinal, esse cenário ocorre com frequência durante a manutenção de equipamentos mais antigos ou reaproveitados.
Para realizar esse processo com segurança e precisão, você só precisa de ferramentas básicas — como um multímetro e um alicate amperímetro. Primeiramente, é necessário identificar os três pares de terminais das bobinas internas do motor, medindo a resistência entre os fios. A bobina auxiliar, por exemplo, costuma apresentar um valor de resistência maior por causa do capacitor conectado a ela.
Depois de identificar os pares, o próximo passo é testar a polaridade correta para o funcionamento do motor. Para isso, você pode, inicialmente, conectar os terminais de forma provisória, energizar rapidamente o motor e medir a corrente que ele consome. Em seguida, compare os valores obtidos. A combinação com menor corrente, portanto, indica a polaridade correta das bobinas. Como resultado, isso garante um fluxo magnético eficiente e o bom funcionamento do motor.
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