Neste artigo você vai aprender definitivamente como medir da maneira correta um aterramento elétrico.
Na verdade, internamente aqui na Sala da Elétrica nós chamamos este material de Passo a Passo efetivo da medição de aterramento, nos próximos parágrafos você irá entender exatamente porque.
Quando o assunto é como medir aterramento, não basta apenas ter o equipamento em mãos, como um terrômetro. Você deve seguir um procedimento técnico bem definido e, principalmente, se basear em uma norma específica. É exatamente aqui que entra a ABNT NBR 15749, norma brasileira que trata da medição de resistência de aterramento e dos potenciais na superfície do solo em sistemas de aterramento.
Essa norma orienta, com critérios claros e padronizados, como o eletricista deve conduzir as medições de forma segura, eficaz e tecnicamente correta. Portanto, não se trata apenas de realizar um procedimento — mas sim de compreender, aplicar e analisar corretamente cada etapa do processo.
👉 Em outras palavras, ter um terrômetro sem saber utilizá-lo corretamente pode comprometer toda a análise do sistema de aterramento. Por isso, além do equipamento, você precisa dominar o método.
Neste guia passo a passo, você vai aprender de forma prática:
Como preparar o ambiente para a medição;
Como posicionar corretamente os eletrodos de corrente e de potencial;
Como interpretar os valores medidos;
E, principalmente, como tomar decisões técnicas com base nos resultados — como, por exemplo, saber se será necessário adicionar mais eletrodos para melhorar a resistência de aterramento.
Portanto, se você quer fazer medições seguras, confiáveis e em conformidade com os padrões exigidos, a NBR 15749 é o seu principal ponto de partida. E este guia vai te mostrar exatamente como colocá-la em prática.
Se você está buscando entender como medir aterramento, talvez já tenha se feito a pergunta errada. Em vez de pensar apenas em “por que medir a resistência do aterramento?”, o ideal seria refletir:
“Por que ter um sistema de aterramento, se eu nem sei se ele está funcionando corretamente?”
A resposta é simples: medir o aterramento é a única forma de garantir que todo o seu sistema elétrico esteja realmente seguro e eficaz. Sem essa verificação, você pode estar confiando em uma proteção que simplesmente não existe.
Ao realizar corretamente a medição da resistência de aterramento, você garante que:
Toda a instalação elétrica está adequada às normas técnicas;
Os dispositivos de proteção, como disjuntores e principalmente o DR (Dispositivo Diferencial Residual), atuem com precisão;
A descarga de eletricidade estática ocorra de forma controlada e segura;
Pessoas e animais fiquem protegidos contra choques elétricos;
E, claro, que o sistema esteja preparado para dissipar surtos de tensão, como em casos de raios ou falhas de equipamentos.
👉 Em resumo, medir o aterramento é um passo essencial para garantir a funcionalidade do sistema e a segurança das pessoas.
Você ainda pode listar muitos outros benefícios dessa prática, mas o mais importante é entender que não se trata de uma opção, e sim de uma necessidade técnica e de segurança.
Agora que você já entendeu o “porquê”, vamos ao “como”.
Continue lendo e veja o passo a passo completo de como medir aterramento corretamente, com base na norma NBR 15749.
De acordo com a norma ABNT NBR 15749, existem diferentes métodos para realizar a medição de aterramento. No entanto, neste guia, vamos focar em um dos métodos mais utilizados e reconhecidos por sua eficiência: o Método da Queda de Potencial.
Esse método funciona da seguinte maneira: utiliza-se um terrômetro, que é o equipamento responsável por injetar uma corrente elétrica controlada no solo. A partir dessa injeção, o aparelho mede a diferença de potencial (tensão) gerada, permitindo assim o cálculo da resistência do sistema de aterramento.
Contudo, é importante lembrar que, ao injetar corrente no solo, cria-se uma tensão de passo — ou seja, uma diferença de potencial entre dois pontos do terreno. Por isso, antes de iniciar qualquer medição, algumas precauções são fundamentais para garantir a segurança do processo.
Para que a medição seja realizada de forma segura e confiável, é necessário cumprir os seguintes requisitos:
Utilize EPIs adequados: calçados e luvas devem oferecer isolamento elétrico compatível com os níveis de tensão utilizados no teste.
Evite condições climáticas adversas: nunca realize medições em dias chuvosos ou sob risco de descargas atmosféricas, pois isso compromete a segurança e os resultados.
Isole a área de medição: mantenha pessoas e animais afastados dos eletrodos e cabos durante todo o procedimento.
Use equipamentos compatíveis: o terrômetro e demais instrumentos devem seguir as especificações do Anexo C da NBR 15749, garantindo a precisão da medição.
Se todas essas condições forem atendidas, e você estiver devidamente protegido, é hora de seguir com o processo de medição.
Antes de iniciar a medição de aterramento com o terrômetro, é fundamental entender o posicionamento correto dos eletrodos. Esse primeiro passo garante que a medição seja feita de acordo com a NBR 15749 e, mais importante ainda, que os resultados obtidos sejam confiáveis.
O primeiro ponto a ser definido é o eletrodo que você deseja medir — normalmente, a haste de aterramento instalada no sistema elétrico. Esse eletrodo é considerado fixo e, a partir dele, todas as outras posições serão determinadas.
💡 Esse será o ponto de partida para calcular as distâncias dos eletrodos de corrente e de potencial.
O segundo elemento é o eletrodo de corrente, que será utilizado para injetar corrente elétrica no solo por meio do terrômetro. Ele deve ser posicionado a uma distância mínima equivalente a três vezes o comprimento da haste de aterramento.
Por exemplo, se a haste mede 3 metros:
d = 3 x 3m = 9 metros
Portanto, o eletrodo de corrente deve estar a no mínimo 9 metros de distância da haste de aterramento.
O terceiro elemento é o eletrodo de potencial (também conhecido como eletrodo de tensão ou “S”). Ele deve ser posicionado entre o eletrodo fixo e o eletrodo de corrente, exatamente a 62% da distância total entre eles.
Com base no exemplo anterior:
d = 9 metros
S = 62% x 9m = 5,58 metros
Assim, o eletrodo de potencial deve ser instalado a 5,58 metros da haste de aterramento, em linha reta entre os dois outros eletrodos.
Para garantir uma leitura precisa da resistência de aterramento, será necessário realizar três medições, o que envolve duas variações na posição do eletrodo de potencial:
S1: Posicione 45 cm antes do ponto S.
S2: Posicione 45 cm depois do ponto S.
Esses valores são baseados na seguinte regra:
5% de d = 5% x 9m = 0,45m = 45cm
Portanto:
S1 fica 45 cm à esquerda de S.
S2 fica 45 cm à direita de S.
🔄 Essas três posições (S, S1 e S2) ajudam a verificar se a leitura está dentro de uma zona de estabilidade do potencial, o que é essencial para validar a medição.
Depois de posicionar corretamente os eletrodos e seguir todas as etapas iniciais, é hora de partir para a medição da resistência de aterramento do solo, utilizando como referência o ponto fixo — ou seja, a haste de aterramento.
Com o sistema preparado e os eletrodos conectados ao terrômetro — sendo eles:
Eletrodo fixo (haste de aterramento),
Eletrodo de potencial (P),
Eletrodo de corrente (C),
…é realizada a primeira leitura de resistência, chamada de S, que neste exemplo apresentou o valor de 67,1 ohms.
Apesar de não ser uma resistência extremamente baixa, muitos profissionais ainda consideram esse valor aceitável para diversas aplicações. No entanto, não basta confiar apenas neste valor. De acordo com a ABNT NBR 15749, é necessário validá-lo por meio de duas medições adicionais: S1 e S2.
Agora, o eletrodo de potencial é reposicionado 5% mais próximo da haste de aterramento, marcando o ponto chamado de S1.
Ao realizar a nova leitura, o terrômetro indica 66,6 ohms.
Em seguida, você deve mover o eletrodo de potencial para 5% mais distante da haste de aterramento, até atingir o ponto chamado de S2.
Neste caso, o terrômetro mostra o valor de 67,7 ohms.
De acordo com a norma técnica, os valores de S1 e S2 não podem apresentar variação superior a 10% do valor de S (67,1 ohms). Vamos verificar:
10% de 67,1 ohms = 6,71 ohms.
Intervalo aceitável: entre 60,39 ohms e 73,81 ohms.
Tanto S1 (66,6 ohms) quanto S2 (67,7 ohms) estão dentro do intervalo permitido, o que indica que a medição está válida. Assim, 67,1 ohms pode ser considerado o valor real da resistência de aterramento do local.
Se S1 ou S2 apresentarem um desvio superior a 10% em relação a S, será necessário reposicionar os eletrodos de corrente e potencial e refazer todo o processo de medição. Isso acontece porque os valores estarão distorcidos, comprometendo a confiabilidade da medição.
Após realizar a medição corretamente, constatamos que a resistência de aterramento encontrada foi de 67,1 ohms. Embora esse valor represente o resultado atual da instalação, o ideal é que a resistência seja a menor possível, visando garantir maior eficiência e segurança no sistema de aterramento. Por isso, quando os valores estão acima do recomendado, é necessário intervir na infraestrutura.
A forma mais eficaz de reduzir esse valor é por meio da ampliação da malha de aterramento.
Mas o que isso significa na prática?
➡️ Aumentar a malha de aterramento consiste, basicamente, em inserir novas hastes de aterramento no solo. Cada haste adicional contribui para uma maior dispersão da corrente elétrica na terra, diminuindo, assim, a resistência total do sistema.
No entanto, não basta apenas instalar as hastes. Para garantir a eficiência e a segurança da instalação, é obrigatório interligar todas elas utilizando cabo nu de cobre com seção mínima de 50 mm². Esse tipo de cabo é resistente, durável e ideal para sistemas de proteção.
Além disso, é altamente recomendável instalar uma caixa de inspeção em cada ponto onde houver uma haste. Isso permite futuras manutenções, facilita verificações técnicas e contribui para o controle da integridade do sistema ao longo do tempo.
Medir corretamente a resistência de aterramento não é apenas uma exigência técnica, mas sim uma responsabilidade de todo eletricista comprometido com a segurança e o desempenho das instalações elétricas. Como vimos ao longo deste guia, esse processo exige conhecimento, precisão e o uso correto de ferramentas como o terrômetro, além de total conformidade com a norma ABNT NBR 15749.
Você precisa executar cada etapa — desde o posicionamento dos eletrodos até a validação dos resultados — com atenção aos detalhes, pois uma medição incorreta pode causar falhas de proteção, mau funcionamento de dispositivos de segurança e até acidentes elétricos graves.
Além disso, saber interpretar os valores e tomar decisões técnicas com base neles — como aumentar a malha de aterramento — mostra o diferencial de um profissional Classe A, capaz de entregar soluções de qualidade, seguras e dentro dos padrões exigidos.
Dominar esse processo é um passo essencial para qualquer eletricista que deseja se destacar no mercado. Afinal, não basta apenas instalar — é preciso garantir que tudo esteja funcionando da maneira correta e segura.
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Comentários
Anderson
Muito explicativo, recomendo!
Sala da Elétrica
Que bom que tenha te ajudado, Anderson
Anderson
Material muito bom!
Sala da Elétrica
Muito obrigado, Anderson ? Bons estudos!
Sérgio Bregano
Muito bom esse passo a passo. Sou seu seguidor, inclusive já fiz curso presencial com você.
Valeu Everton.
Obrigado
Sala da Elétrica
Muito obrigado, Sérgio ? Bons estudos!
adriano
muito bom conteúdo
CLAUDIO
Top, tirei todas minhas dúvidas e cada vez mais interessado em conhecer sistema de aterramento.
Gabriel Silva
Que maravilha, Claudio ?
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