Ao projetar instalações elétricas residenciais, uma dúvida muito comum entre eletricistas e estudantes da área é: quantos pontos de tomada posso instalar em um cômodo? Essa questão se torna ainda mais relevante quando pensamos em segurança, funcionalidade e conformidade com as normas técnicas.
A resposta está diretamente ligada à NBR 5410, norma que regulamenta as instalações elétricas de baixa tensão no Brasil. Segundo o item 9.5.2.2 dessa norma, não há um limite máximo de pontos de tomada por cômodo, mas há sim uma exigência de quantidade mínima com base no tipo e tamanho do ambiente.
Antes de tudo, é fundamental entender o que a norma considera como ponto de tomada. Cada ponto é definido como o local físico onde está instalada a tomada, ou seja, a caixa de embutir ou de sobrepor em que a tomada está conectada.
Isso significa que não importa quantos plugues essa tomada possui — se for uma tomada simples, dupla ou tripla instalada em uma mesma caixa de passagem (como uma 4×2 ou 4×4), ela continuará sendo considerada um único ponto de tomada para efeito de dimensionamento e atendimento às exigências da NBR 5410.
Por exemplo, se você instala uma régua com múltiplas saídas ou utiliza adaptadores tipo benjamim, todos conectados a uma única tomada instalada na parede, isso não aumenta o número de pontos de tomada daquele ambiente. Ou seja, não substitui a necessidade de prever outros pontos adequados, distribuídos estrategicamente no cômodo.
Essa compreensão é essencial, pois muitos profissionais acreditam que adicionar adaptadores ou réguas resolve a falta de tomadas — o que, na prática, pode gerar sobrecarga, aquecimento e riscos à segurança elétrica.
Portanto, sempre planeje o número de pontos com base na quantidade e tipo de equipamentos elétricos que o ambiente irá comportar, respeitando os critérios técnicos da norma.
De acordo com a NBR 5410, mais precisamente no item 9.5.2.2, não há um limite máximo definido para a quantidade de pontos de tomada por cômodo em uma residência. Isso significa que o eletricista ou projetista tem liberdade para incluir quantos pontos considerar necessários, desde que o objetivo seja garantir praticidade, conforto e segurança ao usuário da instalação.
Contudo, a norma estabelece critérios mínimos obrigatórios, que devem ser respeitados com base em dois fatores principais:
O tipo do ambiente (ex: dormitório, cozinha, banheiro etc.)
O tamanho do cômodo, especialmente o seu perímetro
Esses critérios mínimos são diferentes conforme o uso do ambiente. Veja a seguir como funciona em cada um dos casos mais comuns:
Deve-se instalar um ponto de tomada a cada 5 metros de perímetro do cômodo.
Isso quer dizer que se o quarto ou sala tiver, por exemplo, 15 metros de perímetro, serão necessários no mínimo 3 pontos de tomada.
Além disso, mesmo que o ambiente seja muito pequeno, a norma exige que haja pelo menos duas tomadas por cômodo, como quantidade mínima obrigatória.
A exigência é um pouco mais rígida: deve haver um ponto de tomada a cada 3,5 metros de perímetro.
Isso se deve ao fato de esses ambientes abrigarem muitos equipamentos elétricos de uso simultâneo, como geladeira, micro-ondas, liquidificador, máquina de lavar, entre outros.
Além da quantidade, a norma também define requisitos de potência mínima para essas tomadas:
Para os três primeiros pontos, a potência mínima é de 600 VA por ponto.
A partir do quarto ponto, a exigência cai para 100 VA por ponto adicional.
A norma exige que haja ao menos um ponto de tomada nas proximidades do lavatório.
Esse ponto deve ter um circuito exclusivo, separado dos demais da casa, e ser protegido obrigatoriamente por um DR (Dispositivo Diferencial Residual).
Isso é essencial para a segurança contra choques elétricos, pois o banheiro é um ambiente com alta umidade, o que aumenta significativamente o risco de acidentes.
Essa explicação deixa claro que, embora a norma determine os mínimos exigidos, o bom senso e o planejamento são fundamentais para garantir que a instalação seja funcional e segura para os moradores. O profissional deve considerar o layout, os móveis e os equipamentos previstos para cada ambiente ao definir a quantidade e a localização dos pontos de tomada.
Embora a NBR 5410 defina só o mínimo, o projeto elétrico deve considerar o uso real do ambiente no dia a dia.
Por exemplo, em uma sala de estar, a norma pode indicar que quatro pontos de tomada sejam suficientes com base no perímetro. No entanto, na prática, esse mesmo ambiente pode abrigar diversos aparelhos eletrônicos simultaneamente, como:
Televisão;
Videogame;
Roteador de internet;
Caixas de som;
Abajures ou luminárias decorativas;
Carregadores de celular;
Notebook e outros dispositivos.
Quando o projeto se baseia apenas no mínimo exigido, há uma grande chance de o morador recorrer a benjamins (tês) ou extensões para ligar todos os equipamentos. Isso eleva o risco de sobrecarga, aquecimento dos condutores e até curtos-circuitos ou incêndios — além de comprometer a estética e a organização do ambiente.
Portanto, a recomendação profissional é clara:
Projete com base nas necessidades reais do ambiente. Avalie o que será usado hoje e antecipe possíveis expansões no uso de tecnologia e eletrônicos. Essa visão preventiva garante mais segurança, conforto e durabilidade para toda a instalação elétrica.
Imagine uma sala com 20 metros de perímetro total, ou seja, a soma de todas as paredes do ambiente é de 20 metros. De acordo com a NBR 5410, você deve prever ao menos 1 ponto de tomada a cada 5 metros de perímetro em ambientes como salas e quartos. Isso significa que, nesse caso, o mínimo obrigatório é de 4 pontos de tomada (20 ÷ 5 = 4).
Contudo, esse número é apenas o mínimo exigido pela norma. Na prática, essa sala pode abrigar diversos equipamentos eletrônicos, como televisão, videogame, caixas de som, modem, roteador, luminárias, carregadores de celular, notebook, entre outros. Além disso, é preciso considerar a disposição dos móveis e o uso diário do espaço.
Por esse motivo, o mais recomendado é instalar entre 6 e 8 pontos de tomada, estrategicamente distribuídos de acordo com o layout planejado dos móveis e a rotina dos moradores. Isso evita o uso excessivo de extensões e benjamins, que podem comprometer a segurança elétrica e dificultar o acesso às tomadas.
Esse tipo de planejamento garante maior conforto, funcionalidade e segurança para o usuário final da instalação.
Como vimos, a NBR 5410 não estabelece um limite máximo para o número de pontos de tomada por cômodo, e isso representa uma grande vantagem no planejamento de instalações elétricas. Essa flexibilidade normativa permite que o eletricista, projetista ou engenheiro avalie cada ambiente de forma personalizada, considerando como o espaço será realmente utilizado.
Em vez de seguir apenas o mínimo exigido, o profissional deve usar o bom senso para prever a quantidade ideal de tomadas, garantindo segurança, conforto e evitando adaptações perigosas no futuro.
Essa atenção é ainda mais importante em ambientes com alta demanda elétrica, como cozinhas, lavanderias e áreas de serviço. Nestes espaços, é comum o uso simultâneo de vários eletrodomésticos — como geladeira, micro-ondas, cafeteira, air fryer, liquidificador, máquina de lavar e outros. Poucas tomadas ou má distribuição sobrecarregam pontos, elevando o risco de aquecimento, quedas de disjuntores e incêndios.
Projetar com base no uso real do ambiente valoriza o serviço, protege a instalação e prolonga a vida útil dos equipamentos.
Saber dimensionar corretamente os pontos de tomada por cômodo é essencial para um projeto elétrico seguro e eficiente. A norma NBR 5410 define os requisitos mínimos, mas é a experiência do eletricista que garante soluções práticas e funcionais, de acordo com o uso real dos ambientes.
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