A instalação de inversor de frequência vai muito além de apenas conectar fios e ligar o equipamento. Existem práticas essenciais que todo profissional da elétrica precisa dominar para garantir um sistema seguro, eficiente e com alta durabilidade. Pensando nisso, reunimos neste artigo os principais cuidados que você deve adotar antes, durante e depois da instalação.
Antes de qualquer etapa da instalação, é essencial entender que a qualidade da rede elétrica que alimenta o inversor de frequência afeta diretamente seu desempenho e durabilidade. Apesar de parecer algo simples, muitos profissionais subestimam esse fator no momento da instalação.
Um exemplo claro disso está na utilização de transformadores isoladores e reatâncias de rede. Esses dispositivos não são meros acessórios — eles cumprem funções críticas. O transformador isolador serve para proteger o inversor contra distúrbios da rede elétrica, isolando-o eletricamente e oferecendo maior segurança ao sistema. Já a reatância de rede, que funciona como um indutor instalado na entrada do inversor, ajuda a absorver variações rápidas de corrente e tensão, chamadas de sobretensões transitórias.
Além disso, esses componentes auxiliam na melhoria do fator de potência — o que significa maior eficiência no uso da energia — e na redução das harmônicas, que são distorções na forma de onda da corrente elétrica causadas por cargas não lineares, como o próprio inversor. Quando não tratadas, essas distorções podem danificar equipamentos e causar aquecimentos excessivos.
Por fim, ao adotar esses dispositivos corretamente, você contribui para prolongar a vida útil do inversor e garantir um funcionamento mais estável, seguro e econômico. Portanto, escolher e aplicar esses elementos de acordo com a tensão e potência do equipamento é uma etapa essencial, e não um detalhe técnico opcional.
Outro aspecto frequentemente negligenciado na instalação de inversor de frequência são os próprios condutores. Se mal dimensionados, os cabos funcionam como antenas, propagando e absorvendo interferências eletromagnéticas que afetam o funcionamento do equipamento.
Para evitar isso, utilize cabos blindados de qualidade e, principalmente, certifique-se de que o gabinete do inversor esteja corretamente aterrado. Além disso, instale supressores de transientes nas bobinas de contatores próximos ao inversor.
Durante a instalação de inversor de frequência, é essencial, antes de tudo, seguir um conjunto de práticas específicas no manuseio e organização dos cabos. Dessa forma, é possível garantir segurança, eficiência e, além disso, evitar falhas causadas por interferência eletromagnética. A seguir, veja como aplicar corretamente essas orientações passo a passo:
Os cabos que conduzem energia (força) e os que transmitem sinais (comando) devem ser instalados em caminhos distintos. Isso porque o campo eletromagnético gerado pelos cabos de força pode interferir nos sinais de controle, que são mais sensíveis e podem ser facilmente distorcidos ou corrompidos. Portanto, essa separação é fundamental para garantir o bom funcionamento do sistema.
A blindagem dos cabos serve justamente para bloquear interferências eletromagnéticas. No entanto, essa proteção só será eficaz se estiver corretamente conectada ao sistema de aterramento. Da mesma forma, é necessário aterrar os eletrodutos metálicos para evitar que conduzam interferências e comprometam a segurança da instalação.
Em situações em que o cruzamento entre cabos de força e de sinal for inevitável, ele deve ser feito formando um ângulo de 90 graus. Essa prática reduz o tempo de exposição entre os campos eletromagnéticos, minimizando significativamente o risco de interferência entre os diferentes tipos de cabos.
Porém, caso os cabos de força e comando precisem ser instalados no mesmo leito ou eletrocalha, é indispensável, ainda assim, utilizar divisórias metálicas aterradas entre eles. Dessa forma, esses separadores atuam como barreiras físicas, isolando os campos eletromagnéticos de cada grupo de cabos e, consequentemente, protegendo a integridade dos sinais.
Por fim, lembre-se de manter uma distância mínima de 250 mm entre o inversor de frequência e equipamentos sensíveis, como os Controladores Lógicos Programáveis (CLPs).Isso ocorre porque o inversor é uma das maiores fontes de radiação eletromagnética do sistema, e o afastamento físico ajuda a preservar o funcionamento estável desses dispositivos.
Além dos cuidados com cabeamento e aterramento, também é fundamental considerar os filtros de proteção. Portanto, você pode utilizar três tipos principais de filtros para melhorar significativamente a qualidade da instalação de inversor de frequência, garantindo mais estabilidade, proteção e desempenho ao sistema.. A seguir, explicamos cada um deles com mais clareza:
Esse componente é instalado na saída do inversor de frequência e tem a função principal de aumentar a indutância do circuito. Isso é fundamental para reduzir a taxa de variação da tensão no tempo, conhecida como dv/dt. Quando essa taxa é muito alta, pode causar desgaste prematuro no isolamento dos cabos do motor, além de gerar ruído elétrico. O reator de saída atua como um “amortecedor”, suavizando a entrega da tensão ao motor e prolongando a vida útil dos equipamentos conectados.
Esse filtro é composto por uma combinação de componentes eletrônicos: resistores (R), indutores (L) e capacitores (C). Além disso, o filtro reduz as harmônicas geradas pelo inversor, que causam distorções na forma de onda da corrente elétrica. Além disso, esse filtro desvia as interferências eletromagnéticas (EMI) para o aterramento, impedindo que essas interferências prejudiquem outros equipamentos do sistema. É especialmente útil em instalações sensíveis ou com longos cabos entre o inversor e o motor.
Os terminadores RC são pequenos circuitos compostos por um resistor e um capacitor conectados em paralelo, aplicados diretamente nos condutores de comunicação do inversor. Sua função é suprimir interferências que podem surgir na troca de dados entre o inversor e outros dispositivos, como CLPs ou sensores. Eles atenuam sinais indesejados, evitando falhas de leitura, perda de comunicação e mau funcionamento do sistema automatizado.
👉 Importante: esses três tipos de filtros não se excluem mutuamente. Pelo contrário, o instalador pode (e muitas vezes deve) usar ambos de forma complementar, considerando o ambiente de instalação, o comprimento dos cabos, a sensibilidade dos equipamentos e as exigências técnicas da aplicação.
O usuário pode configurar o inversor de frequência de duas formas principais: para acionar um único motor ou vários motores ao mesmo tempo. Por outro lado, essa segunda opção, conhecida como acionamento múltiplo, é bastante comum em aplicações industriais, especialmente naquelas em que diversos motores operam em conjunto, realizando tarefas similares e com sincronismo.
Entretanto, ao optar por um inversor de frequência para múltiplos motores, alguns cuidados técnicos são obrigatórios para garantir segurança, desempenho e evitar danos ao sistema:
Corrente do inversor compatível com a carga total
Além disso, você deve considerar a soma das correntes nominais de todos os motores conectados ao dimensionar o inversor. Em outras palavras, a capacidade de corrente do inversor (em Ampères) precisa ser igual ou superior à soma das correntes dos motores que ele vai acionar. Do contrário, o inversor poderá operar sobrecarregado, o que pode resultar no seu desligamento por proteção ou, em casos mais graves, até mesmo na queima do equipamento.
Proteção térmica individual para cada motor
Mesmo com o controle de acionamento centralizado, é necessário instalar a proteção de sobrecarga separadamente para cada motor. Isso é essencial porque, em caso de falha ou superaquecimento em apenas um dos motores, o sistema deve ser capaz de proteger esse motor individualmente, sem afetar os demais. Isso aumenta a confiabilidade e facilita a manutenção, além de evitar a paralisação total da operação.
Portanto, você deve entender bem a aplicação e o tipo de carga envolvida antes de definir como utilizar o inversor. Ao respeitar esses critérios, você evita sobrecargas, desarmes inesperados e falhas no sistema, garantindo um funcionamento seguro e eficiente.
A instalação de inversor de frequência exige mais do que conhecimento básico. É preciso entender profundamente os impactos da alimentação elétrica, a importância do aterramento, os riscos de interferência e a necessidade de componentes de proteção.
Ao aplicar essas boas práticas, você assegura não apenas o funcionamento adequado do inversor, mas também a segurança da instalação elétrica como um todo.
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